Estudo da Unicamp mostrou que 60% dos universitários dormem mal
Ficar na frente do computador à noite é pior para a saúde do sono do que beber, fumar ou sair para a balada. Uma pesquisa da Unicamp avaliou 710 universitários e descobriu que, de cada dez pessoas que usam o PC à noite, até sete enfrentam problemas para dormir.
Dentre todos os jovens analisados, 486 eram mulheres e 224 homens. Desse total, 60% (428) foram classificados como maus dormidores. Esse índice subiu quando eram avaliados apenas os internautas noturnos e os fumantes.
O estudo concluiu que, entre os que usam a o micro das 19h à meia-noite, 73,3% foram classificados como maus dormidores. Para quem assiste à televisão no mesmo horário, por exemplo, o sono foi prejudicado em 59,7% dos casos.
De acordo com a psicóloga Gema Galgani Mesquita, autora do estudo, a luminosidade do computador, assim como a da televisão e a das lâmpadas, estimula os neurônios e desregula a liberação da melatonina, o hormônio do sono. Isso impede que a pessoa chegue ao sono profundo e reparador.
- O grande vilão do sono é a luz. Exposto à luminosidade, o organismo não metaboliza o hormônio na forma que precisa para ter um sono reparador.
No caso do computador, os danos são ainda maiores por dois motivos: a proximidade com a tela e o conteúdo. Na comparação com a televisão, a internet demanda mais atividade mental do usuário.
Para a psiquiatra Ana Paula Hecksher, especialista em sono, o computador é mais presente na vida do jovem do que o álcool e o cigarro.
- O computador acaba sendo um vilão maior. Tem uma frequência mais intensa. E ele prejudica o jovem ainda que ele faça atividades adequadas, como uma pesquisa.
O que agrava o cenário, segundo a autora do estudo, é que as novas gerações estão acostumadas a se comunicar pela internet, hábito que não vai ficar para trás ao longo da vida.
- Para quem quer dormir bem, o ideal é sair às oito da noite do computador. Porque aí vai dar tempo de metabolizar o hormônio do sono.
Mulheres sofrem mais
O estudo da Unicamp revelou ainda que as mulheres são mais prejudicadas pelos efeitos do computador que os homens. Ao avaliar aquelas que usam o micro das 19h às 24h durante os fins de semana, 83,4% foram classificadas como más dormidoras. No caso dos homens, o maior índice não passou dos 62,5% e se refere àqueles que ficam conectados das 19 às 22h. De acordo com a autora do estudo, ainda não se sabe porque os resultados são diferentes para eles e elas.
- Talvez seja uma diferença hormonal, na metabolização do hormônio do sono, ou talvez seja a maior resistência física deles. Não sabemos ainda. Essa será a próxima fase da pesquisa.
Os efeitos do tabaco sobre o sono também foram significativos. Segundo a pesquisa, dentre os que fumam, 70,5% foram considerados maus dormidores. Já entre os não fumantes, 59,7% dormiam mal.
- O tabagista apresentou mais distúrbios do sono, como acordar no meio da noite, demorar mais para dormir ou ter pesadelos.
Apesar de o estudo ter avaliado pessoas com idade universitária, a pesquisadora afirma que os resultados devem se repetir em todas as faixas etárias. Com um agravante: para os adultos, idosos, crianças e adolescentes, as consequências são ainda piores.
- Um jovem está no auge da resistência física, resiste muito mais às agressões da vida do que um adulto, idoso, criança ou adolescente.
Riscos
Os perigos de dormir mal é que, no decorrer do tempo, o hábito pode levar a distúrbios psíquicos, segundo a autora do estudo.
Ela alerta que, no curto prazo, a memória e a concentração ficam prejudicadas e é aberto espaço para problemas gastrointestinais e outras doenças.
- A diabetes tipo dois e a obesidade também estão associadas à diminuição do tempo de sono em geral.
O estudo da Unicamp mostrou que até mesmo os exercícios podem prejudicar o sono se eles são combinados com maus hábitos. A pesquisa mostrou que aqueles que praticam exercícios, mas que ficam na frente do PC das 19h à meia-noite, tiveram mais problemas pra dormir do que aqueles que não praticavam exercícios e que passavam a noite no micro.
Apesar de ser um resultado surpreendente, Gema afirma que a prática de atividades leva a uma melhor noite de sono, desde a pessoa tenha uma boa alimentação, e evite o álcool e o PC.
- Não é malhar e depois ficar na frente do computador. Isso não adianta, não resolve nada.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Sobrevivendo à depressão de fim de ano
Natal e ano-novo são ocasiões felizes, mas o que fazer quando não nos sentimos assim?
Para quem está se sentindo deprimido e impossibilitado de executar tarefas, é indicado que consulte um profissional médico imediatamente. Sinais de perigo envolvem transtornos de humor que durem mais de duas semanas, acessos de choro, mudanças no apetite e nos níveis de energia, dificuldades de concentração e até pensamentos sobre morte e suicídio.
Em alguns casos os sintomas não são tão severos, mas mesmo assim os indivíduos se sentem tristes. Para esses casos o psiquiatra tem algumas sugestões: “Exercícios funcionam, assim como manter relações que te preencham, fazer coisas que você ache recompensadoras e ir a eventos religiosos”, disse Halaris. “Dormir bastante e reservar um tempo para você podem ajudar. Todos têm limites e aprendendo a viver dentro deles é importante”, diz.
Em países do hemisfério norte a exaustão e falta de interesse na vida podem ser sinal de problemas emocionais sazonais, causados pela falta de luz do sol. Um frequente sintoma é desejo por doces. “O tipo mais comum de transtorno de humor ocorre durante os meses de inverno”, explica Halaris. “A depressão de inverno é explicada por um desequilíbrio químico no cérebro trazido pela falta de luz do sol em função dos dias mais curtos e céu tipicamente encoberto”, aponta o psiquiatra.
Para aqueles que estão desanimados presos a um sentimento de luto, a consultora comportamental Nancy Kiel sugere que é importante admitir a perda. “Comece uma nova tradição para honrar e lembrar dos entes queridos”, diz. “Acenda uma vela especial no jantar e faça todos compartilharem uma memória especial ou promova uma atividade que a pessoa em questão gostava. Faça algo que faria aquela pessoa querida sorrir”, completa. Ela também sugere evitar as compras em shoppings e dar preferência para lojas online. Assim sobra tempo para estar ao lado de pessoas que providenciam apoio e carinho.
fonte: The New York Times
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Narcisismo será retirado da "bíblia" dos transtornos psiquiátricos
Os narcisistas, para a surpresa da maioria dos especialistas, estão quase se tornando uma espécie em extinção. Não que eles estejam encarando uma extinção iminente. O destino será muito pior. Eles ainda existirão, mas serão ignorados.
A quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (previsto para ser lançado em 2013, e conhecido como DSM-5) eliminou cinco dos dez transtornos de personalidade que estão listados na edição atual.
O distúrbio de personalidade narcisista é o mais conhecido entre os cinco, e sua ausência tem causado muito alvoroço entre os profissionais da saúde.
A maioria dos leigos tem uma boa ideia do que seja o narcisismo, mas a definição formal é mais precisa do que o significado encontrado no dicionário.
Nossa imagem cotidiana de um narcisista é de uma pessoa muito egocêntrica - a conversa sempre gira em torno dela. Embora não se aplique a pessoas com distúrbio de personalidade narcisista (DPN), essa caracterização é muito ampla. Existem pessoas completamente egocêntricas que não se qualificariam no diagnóstico de DPN.
O requisito principal para o DPN é um tipo especial de autoabsorção: um senso grandioso de autoestima, um sério erro de cálculo de suas próprias habilidades e potenciais que é muitas vezes acompanhado por fantasias de superioridade. É a diferença entre dois estudantes com capacidade moderada que jogam beisebol: um é absolutamente convencido de que será um jogador da liga principal, e o outro espera por uma bolsa de estudos para cursar a faculdade.
É claro, seria prematuro chamar o primeiro estudante de narcisista nesta idade, mas imagine o mesmo tipo de atitude incessante e irrealista 10 ou 20 anos mais tarde.
O segundo requisito para o DPN: visto que o narcisista é tão convencido (a maioria são homens), ele automaticamente espera que os outros reconheçam e falem sobre as suas maiores qualidades. Isso é geralmente conhecido como "espelhamento". Ele não se contenta em saber que é bom. Os outros devem confirmar isso, rápido e com frequência.
Finalmente, os narcisistas, que desejam a aprovação e a admiração dos outros, não têm noção sobre como as coisas parecem da perspectiva dos outros. Os narcisistas são muito sensíveis ao serem ignorados ou menosprezados, mas dificilmente reconhecem quando estão fazendo isso com os outros.
A maioria de nós concordaria que este é um perfil facilmente reconhecível, e é uma incógnita o porquê o manual do comitê sobre distúrbios de personalidade decidiu tirar o DPN da lista. Muitos especialistas da área não estão felizes com isso.
Na verdade, eles também não estão felizes com a eliminação de outros quatro distúrbios, e não têm vergonha de dizer isso.
Um dos críticos mais renomados do comitê sobre distúrbios de personalidade é o psiquiatra de Harvard, Dr. John Gunderson, antigo na área, foi quem conduziu o comitê de distúrbios de personalidade para o manual atual.
Questionado sobre o que achou sobre a eliminação do DPN, ele disse que o manual apenas mostrou o quão "ignorante" é o comitê.
"Eles têm pouco conhecimento sobre o dano que podem estar causando". Disse também que o diagnóstico é importante para organizar e planejar o tratamento.
"É perversa", disse sobre a decisão, "e creio que é a primeira que elimina metade de um grupo de distúrbios pelo comitê".
Ele também culpou a chamada abordagem dimensional, um método de diagnóstico de distúrbio de personalidade que é novo para a DSM. Consiste em fazer um diagnóstico global e geral do distúrbio da personalidade para um determinado paciente, e então, selecionar traços particulares de uma longa lista para melhor descrever aquele paciente específico.
Isto é um contraste com a abordagem que tem sido usada há 30 anos: a síndrome narcisista é definida por um conjunto de traços relacionados, e o paciente é classificado naquele perfil.
A abordagem dimensional tem o apelo de um pedido à la carte _você pede o que quer, nada mais e nada menos.
Uma coisa é chamar alguém de elegante e bem vestido. Outra coisa é chamar de almofadinha. Cada um desses termos tem significados levemente diferentes e evoca um tipo.
E os médicos gostam de tipos. A ideia de substituir o diagnóstico padrão do DPN pelo diagnóstico dimensional como "distúrbio de personalidade com traços narcisistas e manipuladores" não vai dar certo.
Jonathan Shedler, psicólogo da Faculdade de Medicina da Universidade de Colorado, disse: "Os médicos estão acostumados a pensar em termos de síndromes, e não traços separados. Já os pesquisadores pensam em termos de variáveis, e há simplesmente uma cisma enorme". Ele disse que o comitê foi formado "por vários pesquisadores acadêmicos que não atuam muito na prática clínica. Vemos ainda outra manifestação do que é chamado na psicologia de cisma na prática da ciência".
Cisma provavelmente não seja um exagero. Há 30 anos o DSM tem sido o padrão inquestionável que os médicos consultam ao diagnosticar distúrbios mentais. Quando um novo diagnóstico é introduzido, ou um diagnóstico estabelecido é substancialmente modificado ou excluído, isso não é pouca coisa. Como disse Gunderson, isso afetará a maneira como os profissionais pensam e tratam seus pacientes.
Levando isso em consideração, a falta de informação dos especialistas em distúrbios de personalidade não deverá ser novidade.
Gunderson escreveu uma carta co-assinada por outros pesquisadores e médicos à Associação Psiquiátrica Americana e à força-tarefa que dirige a DSM-5. Além disso, Shedles e sete colaboradores publicaram um editorial na edição de setembro da Revista Americana de Psiquiatria.
Em um mundo relativamente pequeno de diagnósticos de saúde mental, esta é uma batalha que certamente vale a pena assistir.
Agora, está claro que é muito cedo para os narcisistas desistirem do seu lugar na lista.
A quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (previsto para ser lançado em 2013, e conhecido como DSM-5) eliminou cinco dos dez transtornos de personalidade que estão listados na edição atual.
O distúrbio de personalidade narcisista é o mais conhecido entre os cinco, e sua ausência tem causado muito alvoroço entre os profissionais da saúde.
A maioria dos leigos tem uma boa ideia do que seja o narcisismo, mas a definição formal é mais precisa do que o significado encontrado no dicionário.
Nossa imagem cotidiana de um narcisista é de uma pessoa muito egocêntrica - a conversa sempre gira em torno dela. Embora não se aplique a pessoas com distúrbio de personalidade narcisista (DPN), essa caracterização é muito ampla. Existem pessoas completamente egocêntricas que não se qualificariam no diagnóstico de DPN.
O requisito principal para o DPN é um tipo especial de autoabsorção: um senso grandioso de autoestima, um sério erro de cálculo de suas próprias habilidades e potenciais que é muitas vezes acompanhado por fantasias de superioridade. É a diferença entre dois estudantes com capacidade moderada que jogam beisebol: um é absolutamente convencido de que será um jogador da liga principal, e o outro espera por uma bolsa de estudos para cursar a faculdade.
É claro, seria prematuro chamar o primeiro estudante de narcisista nesta idade, mas imagine o mesmo tipo de atitude incessante e irrealista 10 ou 20 anos mais tarde.
O segundo requisito para o DPN: visto que o narcisista é tão convencido (a maioria são homens), ele automaticamente espera que os outros reconheçam e falem sobre as suas maiores qualidades. Isso é geralmente conhecido como "espelhamento". Ele não se contenta em saber que é bom. Os outros devem confirmar isso, rápido e com frequência.
Finalmente, os narcisistas, que desejam a aprovação e a admiração dos outros, não têm noção sobre como as coisas parecem da perspectiva dos outros. Os narcisistas são muito sensíveis ao serem ignorados ou menosprezados, mas dificilmente reconhecem quando estão fazendo isso com os outros.
A maioria de nós concordaria que este é um perfil facilmente reconhecível, e é uma incógnita o porquê o manual do comitê sobre distúrbios de personalidade decidiu tirar o DPN da lista. Muitos especialistas da área não estão felizes com isso.
Na verdade, eles também não estão felizes com a eliminação de outros quatro distúrbios, e não têm vergonha de dizer isso.
Um dos críticos mais renomados do comitê sobre distúrbios de personalidade é o psiquiatra de Harvard, Dr. John Gunderson, antigo na área, foi quem conduziu o comitê de distúrbios de personalidade para o manual atual.
Questionado sobre o que achou sobre a eliminação do DPN, ele disse que o manual apenas mostrou o quão "ignorante" é o comitê.
"Eles têm pouco conhecimento sobre o dano que podem estar causando". Disse também que o diagnóstico é importante para organizar e planejar o tratamento.
"É perversa", disse sobre a decisão, "e creio que é a primeira que elimina metade de um grupo de distúrbios pelo comitê".
Ele também culpou a chamada abordagem dimensional, um método de diagnóstico de distúrbio de personalidade que é novo para a DSM. Consiste em fazer um diagnóstico global e geral do distúrbio da personalidade para um determinado paciente, e então, selecionar traços particulares de uma longa lista para melhor descrever aquele paciente específico.
Isto é um contraste com a abordagem que tem sido usada há 30 anos: a síndrome narcisista é definida por um conjunto de traços relacionados, e o paciente é classificado naquele perfil.
A abordagem dimensional tem o apelo de um pedido à la carte _você pede o que quer, nada mais e nada menos.
Uma coisa é chamar alguém de elegante e bem vestido. Outra coisa é chamar de almofadinha. Cada um desses termos tem significados levemente diferentes e evoca um tipo.
E os médicos gostam de tipos. A ideia de substituir o diagnóstico padrão do DPN pelo diagnóstico dimensional como "distúrbio de personalidade com traços narcisistas e manipuladores" não vai dar certo.
Jonathan Shedler, psicólogo da Faculdade de Medicina da Universidade de Colorado, disse: "Os médicos estão acostumados a pensar em termos de síndromes, e não traços separados. Já os pesquisadores pensam em termos de variáveis, e há simplesmente uma cisma enorme". Ele disse que o comitê foi formado "por vários pesquisadores acadêmicos que não atuam muito na prática clínica. Vemos ainda outra manifestação do que é chamado na psicologia de cisma na prática da ciência".
Cisma provavelmente não seja um exagero. Há 30 anos o DSM tem sido o padrão inquestionável que os médicos consultam ao diagnosticar distúrbios mentais. Quando um novo diagnóstico é introduzido, ou um diagnóstico estabelecido é substancialmente modificado ou excluído, isso não é pouca coisa. Como disse Gunderson, isso afetará a maneira como os profissionais pensam e tratam seus pacientes.
Levando isso em consideração, a falta de informação dos especialistas em distúrbios de personalidade não deverá ser novidade.
Gunderson escreveu uma carta co-assinada por outros pesquisadores e médicos à Associação Psiquiátrica Americana e à força-tarefa que dirige a DSM-5. Além disso, Shedles e sete colaboradores publicaram um editorial na edição de setembro da Revista Americana de Psiquiatria.
Em um mundo relativamente pequeno de diagnósticos de saúde mental, esta é uma batalha que certamente vale a pena assistir.
Agora, está claro que é muito cedo para os narcisistas desistirem do seu lugar na lista.
* Charles Zanor é psicólogo em West Springfield, Massachusetts, EUA.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Estudo aponta que um terço dos jovens homossexuais sofre de estresse e depressão
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Getty Images 10% mostraram sintomas relacionados ao estresse pós-traumático e 15% de depressão |
Bissexuais mostraram-se menos propensos a sofrer de transtornos mentais
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Illinois, em Chicago, nos Estados Unidos, com jovens homossexuais, mostrou que ao menos um terço deles apresentou comportamentos depressivos e sintomas de estresse pós-traumático.
Em um grupo de 246 jovens divididos entre lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, de etnias diferentes e idades entre 16 e 20 anos, quase 10% mostraram sintomas relacionados ao transtorno de estresse pós-traumático e cerca de 15% mostraram sinais de depressão. Um terço havia feito uma tentativa de suicídio em algum momento de suas vidas, e cerca de 6% tinha feito uma tentativa de suicídio no ano passado.
O estudo, publicado na edição de dezembro do American Journal of Public Health, é o primeiro a relatar a frequência de transtornos mentais em jovens homossexuais, utilizando critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
O objetivo é não ser alarmista, pois enquanto um terço dos participantes mostram indícios para pelo menos um dos distúrbios mentais, cerca de 70% dos jovens homossexuais não demonstraram qualquer transtorno mental, explica o professor de psiquiatria Brian Mustanki, autor do estudo.
- Uma das descobertas mais importantes do nosso trabalho é que a maioria desses jovens está indo muito bem e não está enfrentando problemas de saúde mental. A grande questão é saber se esses jovens são mais propensos a ter transtornos mentais em relação a outras pessoas. E a resposta é que isso realmente depende de quem você está comparando com eles.
Os pesquisadores também analisaram as diferenças entre os sub-grupos de jovens homossexuais para determinar se um ou outro tinha mais propensão a uma certa doença mental. Mustanski afirma que, de acordo com o estudo, jovens bissexuais tiveram uma menor prevalência de transtornos mentais em comparação com os outros no estudo.
Em um grupo de 246 jovens divididos entre lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, de etnias diferentes e idades entre 16 e 20 anos, quase 10% mostraram sintomas relacionados ao transtorno de estresse pós-traumático e cerca de 15% mostraram sinais de depressão. Um terço havia feito uma tentativa de suicídio em algum momento de suas vidas, e cerca de 6% tinha feito uma tentativa de suicídio no ano passado.
O estudo, publicado na edição de dezembro do American Journal of Public Health, é o primeiro a relatar a frequência de transtornos mentais em jovens homossexuais, utilizando critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
O objetivo é não ser alarmista, pois enquanto um terço dos participantes mostram indícios para pelo menos um dos distúrbios mentais, cerca de 70% dos jovens homossexuais não demonstraram qualquer transtorno mental, explica o professor de psiquiatria Brian Mustanki, autor do estudo.
- Uma das descobertas mais importantes do nosso trabalho é que a maioria desses jovens está indo muito bem e não está enfrentando problemas de saúde mental. A grande questão é saber se esses jovens são mais propensos a ter transtornos mentais em relação a outras pessoas. E a resposta é que isso realmente depende de quem você está comparando com eles.
Os pesquisadores também analisaram as diferenças entre os sub-grupos de jovens homossexuais para determinar se um ou outro tinha mais propensão a uma certa doença mental. Mustanski afirma que, de acordo com o estudo, jovens bissexuais tiveram uma menor prevalência de transtornos mentais em comparação com os outros no estudo.
fonte:R7.com
Adolescentes gays aceitos pelas famílias têm menor risco de depressão e suicídio
Apoio familiar é fundamental para evitar doenças mentais
Adolescentes gays que são aceitos pela família se tornam adultos mais saudáveis do que aqueles que sofrem dentro de casa. Um estudo da Universidade do Estado de San Francisco, nos Estados Unidos, mostra que comportamentos específicos dos pais – como apoiar o comportamento dos filhos ou protegê-los em situações de preconceito – deixa o jovem mais distante de problemas como depressão, abuso de drogas e suicídio.
A pesquisa mostrou ainda que esses adolescentes com apoio familiar apresentam níveis melhores de auto estima.
De acordo com a coordenadora do estudo, a médica Caitlin Ryan, diretora do Projeto de Aceitação Familiar da universidade, os resultados mostram que os pais de jovens gays, lésbicas ou bissexuais precisam balancear seus valores pessoais e crenças religiosas com o amor, pensando na saúde futura de seus filhos.
- Desenvolver um modelo para ajudar as famílias a apoiarem seus filhos gays é o trabalho mais esperançoso que eu já fiz.
O modelo de Caitlin auxilia os familiares a diminuir seus níveis de rejeição religiosa e étnica. Segundo a pesquisadora, nas famílias com maior envolvimento religioso, os níveis de aceitação foram os mais baixos. Participam do projeto pediatras, enfermeiras, assistente social, conselheiros escolares, entre outros.
Para Ann P. Haas, da Fundação Americana de Prevenção ao Suicídio, o estudo traz evidências fortes.
- O apoio familiar promove bem-estar em jovens LGBT e os protege contra depressão e comportamento suicida. As famílias precisam ajudar seus filhos de forma mais engajada.
fonte:R7.COM
Adolescentes gays que são aceitos pela família se tornam adultos mais saudáveis do que aqueles que sofrem dentro de casa. Um estudo da Universidade do Estado de San Francisco, nos Estados Unidos, mostra que comportamentos específicos dos pais – como apoiar o comportamento dos filhos ou protegê-los em situações de preconceito – deixa o jovem mais distante de problemas como depressão, abuso de drogas e suicídio.
A pesquisa mostrou ainda que esses adolescentes com apoio familiar apresentam níveis melhores de auto estima.
De acordo com a coordenadora do estudo, a médica Caitlin Ryan, diretora do Projeto de Aceitação Familiar da universidade, os resultados mostram que os pais de jovens gays, lésbicas ou bissexuais precisam balancear seus valores pessoais e crenças religiosas com o amor, pensando na saúde futura de seus filhos.
- Desenvolver um modelo para ajudar as famílias a apoiarem seus filhos gays é o trabalho mais esperançoso que eu já fiz.
O modelo de Caitlin auxilia os familiares a diminuir seus níveis de rejeição religiosa e étnica. Segundo a pesquisadora, nas famílias com maior envolvimento religioso, os níveis de aceitação foram os mais baixos. Participam do projeto pediatras, enfermeiras, assistente social, conselheiros escolares, entre outros.
Para Ann P. Haas, da Fundação Americana de Prevenção ao Suicídio, o estudo traz evidências fortes.
- O apoio familiar promove bem-estar em jovens LGBT e os protege contra depressão e comportamento suicida. As famílias precisam ajudar seus filhos de forma mais engajada.
fonte:R7.COM
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Menos de cinco horas de sono estão ligadas ao desenvolvimento de transtornos mentais
Jovens adultos com idades entre 17 e 24 anos e que dormem em média apenas cinco horas por noite têm até três vezes mais risco de desenvolver transtornos mentais quando comparados a indivíduos da mesma idade e que dormem entre 8 e 9 horas por noite, de acordo com um estudo publicado no periódico Sleep.
Os pesquisadores do Instituto George para Saúde Global, nos EUA, em conjunto com a Universidade de Sidney, na Austrália, e liderados por Nick Glozier, conduziram o estudo envolvendo mais de 20 mil indivíduos e indicaram uma ligação clara entre tempo de sono reduzido e o aparecimento de transtornos mentais.
“Nosso estudo revelou uma série de ligações entre esses dois fatores em adultos jovens e também que os transtornos desenvolvidos podem se tornar crônicos se a média de sono não for regulada”, diz Glozier.O especialista diz que transtornos do sono são sintomas claros da instalação de transtornos mentais, como depressão, e um indicativo preliminar de outras condições de saúde que possam estar se instalando no organismo.
Além disso, a falta de sono ideal pode elevar o risco para doenças cardiovasculares e ganho de peso nos jovens. “As mudanças no estilo de vida são fatores que contribuem para esses problemas, mas o desequilíbrio no padrão de sono é denotativo de transtornos mentais diversos, como podemos observar”, aponta Glozier.
“Um sono ruim e com pouca duração, indicado pelos indivíduos que participaram do estudo, está realmente associado ao estresse em adultos. Em contraste, alguns dos participantes também desenvolveram outros tipos de problemas ligados ao estresse, além dos transtornos mentais. É preciso observar seriamente as alterações nesses padrões de sono e melhorar as intervenções nos problemas do sono nesses indivíduos jovens, pois isso tem um impacto negativo claro e pode ajudar a manutenção da saúde em longo prazo”, finaliza o pesquisador.
com informações do George Institute on Global Health
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
É legítimo recorrer a medicamentos para melhorar desempenho mental ?
Quem poderia ser contra drogas que ajudam as pessoas afetadas por distúrbios mentais, como a esquizofrenia? Esses tratamentos, conhecidos como reforçadores cognitivos farmacológicos (PCE na sigla em inglês), podem melhorar a memória, a atenção e a motivação.
O metilfenidato (Ritalina), por exemplo, ajuda as crianças com distúrbio de hiperatividade e déficit de atenção a se concentrar melhor na escola, muitas vezes produzindo importantes diferenças em suas vidas. O modafinil (Provigil) ajuda as pessoas a ficar acordadas e é licenciado para o tratamento da narcolepsia, uma condição que causa sono involuntário nos pacientes.
Até aí, ótimo. Mas nos últimos anos houve um aumento sem precedentes no uso de PCEs por pessoas saudáveis. Para muitos estudantes, é difícil resistir à tentação de tomar algumas pílulas para ajudar na concentração, especialmente na época dos exames. A maioria deles considera isso inofensivo e eticamente aceitável. Outros o veem como trapaça, e até hoje poucas universidades têm políticas formais sobre a questão.
Segundo um relatório de 2004 do "Journal of the American Medical Association", cerca de 90% do modafinil são usados por indivíduos saudáveis que não têm problemas de sono. Em março de 2009, uma pesquisa informal com mil estudantes feita pelo jornal "Varsity" dos alunos da Universidade de Cambridge, mostrou que um em cada dez estavam tomando medicamentos controlados para o reforço cognitivo. No ano anterior, a revista "Nature" realizou uma pesquisa com 1.400 cientistas de 60 países.
Eles descobriram que um em cada cinco respondentes usavam drogas para reforço cognitivo, e entre eles 62% relataram tomar metilfenidato e 44% modafinil, principalmente para melhorar a concentração; 15% disseram ter tomado betabloqueadores para ansiedade, quando essas drogas são normalmente prescritas para reduzir a pressão sanguínea ou para arritmia cardíaca.
Um professor americano diz que obteve suas drogas através de um médico de atendimento básico, alegando ter "jet lag", enquanto um professor britânico as conseguiu através da Internet para "melhorar a produtividade" e "para importantes desafios intelectuais". Mais preocupante, uma pesquisa de 2009 feita pelo Instituto Nacional dos EUA para Abuso de Drogas (NIDA) descobriu que 1,8% dos jovens de 13 a 14 anos, 3,6% de 15 a 16 e 2,1% de 17 a 18 anos abusaram de metilfenidato.
O uso generalizado de drogas para reforço da cognição talvez não seja surpreendente, já que o relatório sobre ciência do cérebro, dependência e drogas da Academia de Ciências Médicas em 2008 sugeriu que uma melhora de 10% na memória poderia levar a uma nota ou classificação maior. Pequenas melhoras no desempenho intelectual podem gerar melhoras significativas nos resultados.
Mas quais são as vantagens e desvantagens de pessoas saudáveis usarem PCEs? No lado positivo, como os PCEs podem ajudar os que têm baixo desempenho cognitivo, talvez fosse possível atenuar os efeitos da pobreza sobre o cérebro por meio de seu uso. Isto poderia ter efeitos positivos na sociedade e na economia em geral: estima-se que um aumento de 3% no QI da população como um todo poderia reduzir os índices de pobreza em até 25% e aumentar o PIB em 1,5%.
É claro que mesmo adultos saudáveis que normalmente funcionam bem não dão o melhor de si necessariamente o tempo todo, por causa de falta de sono, "jet lag" ou outros fatores de estresse. E os PCEs também poderiam nos permitir um melhor desempenho em situações agradáveis e competitivas. Por exemplo, Anjan Chatterjee, um neurologista da Universidade da Pensilvânia, relatou que os músicos muitas vezes usam betabloqueadores para atenuar tremores físicos, melhorando seu desempenho. Psicoestimulantes também são usados para reforçar soldados em combate, trabalhadores em turnos e pilotos.
Mas não se sabe o suficiente sobre os efeitos colaterais em longo prazo dos PCEs, especialmente no cérebro em desenvolvimento. Um relatório de 2009 do NIDA revelou que o modafinil estimulou áreas do cérebro conhecidas por desencadear comportamento que busca drogas e dependência.
Também devemos considerar por que essas drogas são usadas. É a pressão para se sair bem nos exames, fechar um bom negócio ou acompanhar nossa sociedade que incentiva as pessoas a usá-las, em vez de meios tradicionais para aumentar a cognição, como os exercícios?
Claramente, os neurocientistas precisam trabalhar com cientistas sociais, filósofos, éticos, políticos e outros especialistas para estabelecer regras claras, seguras e éticas para o uso de PCEs em pessoas saudáveis. Essa é a única maneira de que os grandes avanços feitos hoje na ciência possam ser utilizados para benefício máximo - com danos mínimos.
Fonte: UOL.NOTICIAS - Barbara J. Sahakian e Ahmed D. Mohamed
(Barbara J. Sahakian é professora de neuropsicologia clínica na Universidade de Cambridge. Ahmed D. Mohamed é aluno de doutorado no Clare Hall, em Cambridge.)
O metilfenidato (Ritalina), por exemplo, ajuda as crianças com distúrbio de hiperatividade e déficit de atenção a se concentrar melhor na escola, muitas vezes produzindo importantes diferenças em suas vidas. O modafinil (Provigil) ajuda as pessoas a ficar acordadas e é licenciado para o tratamento da narcolepsia, uma condição que causa sono involuntário nos pacientes.
Até aí, ótimo. Mas nos últimos anos houve um aumento sem precedentes no uso de PCEs por pessoas saudáveis. Para muitos estudantes, é difícil resistir à tentação de tomar algumas pílulas para ajudar na concentração, especialmente na época dos exames. A maioria deles considera isso inofensivo e eticamente aceitável. Outros o veem como trapaça, e até hoje poucas universidades têm políticas formais sobre a questão.
Segundo um relatório de 2004 do "Journal of the American Medical Association", cerca de 90% do modafinil são usados por indivíduos saudáveis que não têm problemas de sono. Em março de 2009, uma pesquisa informal com mil estudantes feita pelo jornal "Varsity" dos alunos da Universidade de Cambridge, mostrou que um em cada dez estavam tomando medicamentos controlados para o reforço cognitivo. No ano anterior, a revista "Nature" realizou uma pesquisa com 1.400 cientistas de 60 países.
Um professor americano diz que obteve suas drogas através de um médico de atendimento básico, alegando ter "jet lag", enquanto um professor britânico as conseguiu através da Internet para "melhorar a produtividade" e "para importantes desafios intelectuais". Mais preocupante, uma pesquisa de 2009 feita pelo Instituto Nacional dos EUA para Abuso de Drogas (NIDA) descobriu que 1,8% dos jovens de 13 a 14 anos, 3,6% de 15 a 16 e 2,1% de 17 a 18 anos abusaram de metilfenidato.
O uso generalizado de drogas para reforço da cognição talvez não seja surpreendente, já que o relatório sobre ciência do cérebro, dependência e drogas da Academia de Ciências Médicas em 2008 sugeriu que uma melhora de 10% na memória poderia levar a uma nota ou classificação maior. Pequenas melhoras no desempenho intelectual podem gerar melhoras significativas nos resultados.
Mas quais são as vantagens e desvantagens de pessoas saudáveis usarem PCEs? No lado positivo, como os PCEs podem ajudar os que têm baixo desempenho cognitivo, talvez fosse possível atenuar os efeitos da pobreza sobre o cérebro por meio de seu uso. Isto poderia ter efeitos positivos na sociedade e na economia em geral: estima-se que um aumento de 3% no QI da população como um todo poderia reduzir os índices de pobreza em até 25% e aumentar o PIB em 1,5%.
É claro que mesmo adultos saudáveis que normalmente funcionam bem não dão o melhor de si necessariamente o tempo todo, por causa de falta de sono, "jet lag" ou outros fatores de estresse. E os PCEs também poderiam nos permitir um melhor desempenho em situações agradáveis e competitivas. Por exemplo, Anjan Chatterjee, um neurologista da Universidade da Pensilvânia, relatou que os músicos muitas vezes usam betabloqueadores para atenuar tremores físicos, melhorando seu desempenho. Psicoestimulantes também são usados para reforçar soldados em combate, trabalhadores em turnos e pilotos.
Mas não se sabe o suficiente sobre os efeitos colaterais em longo prazo dos PCEs, especialmente no cérebro em desenvolvimento. Um relatório de 2009 do NIDA revelou que o modafinil estimulou áreas do cérebro conhecidas por desencadear comportamento que busca drogas e dependência.
Também devemos considerar por que essas drogas são usadas. É a pressão para se sair bem nos exames, fechar um bom negócio ou acompanhar nossa sociedade que incentiva as pessoas a usá-las, em vez de meios tradicionais para aumentar a cognição, como os exercícios?
Claramente, os neurocientistas precisam trabalhar com cientistas sociais, filósofos, éticos, políticos e outros especialistas para estabelecer regras claras, seguras e éticas para o uso de PCEs em pessoas saudáveis. Essa é a única maneira de que os grandes avanços feitos hoje na ciência possam ser utilizados para benefício máximo - com danos mínimos.
Fonte: UOL.NOTICIAS - Barbara J. Sahakian e Ahmed D. Mohamed
(Barbara J. Sahakian é professora de neuropsicologia clínica na Universidade de Cambridge. Ahmed D. Mohamed é aluno de doutorado no Clare Hall, em Cambridge.)
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Depressão infantil pode aparecer a partir dos 4 anos
O transtorno mental que mais atinge pacientes no mundo se aproxima das crianças, mas pode ser tratado – e, quanto mais cedo, melhor
Sob a forma de noites mal dormidas, insociabilidade, tristeza, alterações de humor como irritação e choro frequente, sofrimento moral e sentimento de rejeição, uma epidemia silenciosa pode se espalhar entre as crianças de todo o país, independentemente de condição social, econômica e cultural. Provocada por fatores que vão desde a predisposição genética até a experiência de episódios traumáticos no ambiente familiar, a depressão infantil traz problemas de gente grande para a mente ainda em desenvolvimento das crianças.Nos próximos 20 anos, a depressão deverá se tornar a doença mais comum do mundo, atingindo mais pessoas do que o câncer e os problemas cardíacos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, mais de 450 milhões de pessoas são afetadas por transtornos mentais diversos, a maioria delas nos países em desenvolvimento.
Entre os pequenos, o índice de depressão também é preocupante. Nos últimos 10 anos, de acordo com a OMS, o número de diagnósticos em crianças entre 6 e 12 anos passou de 4,5 para 8%, o que representa um problema ascendente. "Setenta por cento dos adultos que apresentam quadro de depressão crônica têm histórico desde o período da infância. Ou seja, se não tratarmos o paciente enquanto criança, podemos contribuir para que ele se transforme em um adulto depressivo", conta Fábio Barbirato Nascimento da Silva, neuropsiquiatra especialista em infância e adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria.
O transtorno pode ser diagnosticado em crianças a partir dos 4 anos. Até os 9 anos, é indicado tratamento apenas à base de terapia. A partir dessa idade, de acordo com o quadro do paciente, pode ser recomendado o uso de medicação em paralelo ao acompanhamento psicológico. "A terapia sozinha fará um trabalho eficiente em longo prazo. No entanto, em crianças mais velhas, o uso de medicamento tem efeito bastante satisfatório quando acompanhado do trabalho psicológico, levando à resolução do problema em apenas dois meses em 95% do casos", completa.
As causas para a depressão infanto-juvenil podem ser as mais diversas. Há fatores biológicos, como vulnerabilidade genética, complicações obstétricas e temperamento; fatores ambientais, como o funcionamento familiar, a interação entre mãe e criança ou eventos adversos de vida, e fatores sociais, como a pobreza, o suporte social ou o acesso a serviços de saúde.
A convivência com uma psicopatologia dos pais e a experiência de episódios traumáticos nesta idade, como separação, luto ou mudanças radicais de ambiente, também podem ser fatores decisivos para o desencadeamento de transtornos mentais em crianças e adolescentes.
Fatores de berço
De acordo com Ana Vilela Mendes, psicóloga e pesquisadora do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP, de 40 a 45% das crianças que convivem com a depressão materna apresentam indicadores diagnósticos de pelo menos um transtorno psiquiátrico.
Esta taxa é de três a quatro vezes maior do que a apresentada por crianças cujas mães não têm história psiquiátrica. "As manifestações próprias do quadro depressivo materno, como irritabilidade, desânimo e apatia, podem influenciar na qualidade do vínculo que a mãe estabelece com a criança, comprometendo a interação e o funcionamento emocional e social da criança", afirma ela.
O nível de exposição da criança à mãe com diagnóstico de depressão também pode ser definitivo para o desenvolvimento de seu quadro. Em estudo recente, Ana Vilela comparou crianças em idade escolar que conviveram com a depressão materna por toda a vida a crianças que conviveram com a depressão materna por um período menor de tempo. Ela constatou que as crianças com mais tempo de exposição à depressão materna apresentaram uma probabilidade 1,6 vezes maior de terem problemas psiquiátricos.
"Estes resultados reafirmam a importância de se considerar o tempo de exposição da criança à depressão materna e sua influência nos diferentes períodos do desenvolvimento", constata. Daí a importância da psiquiatria e da psicologia em favorecer o diagnóstico ainda no começo de sua manifestação.
Diagnóstico delicado
Por tratar-se de um transtorno mental impassível de comprovação laboratorial, o diagnóstico da depressão é baseado nos critérios estipulados pelo Manual de Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), que exige a existência de pelo menos cinco dos sintomas determinados pelo documento, com durabilidade de duas semanas, para comprovação do quadro. Entretanto, em crianças em plena fase de desenvolvimento da personalidade, a aplicação do diagnóstico pode ser mais complexa e delicada.
"Não é um diagnóstico simples de se obter, pois os sintomas podem ser confundidos com timidez, mau humor, dificuldade de aprendizagem, tristeza ou agressividade, que de certa forma podem ser normais na faixa etária em questão. O que diferencia a depressão das tristezas do dia a dia é a intensidade, a persistência e as mudanças em hábitos normais das atividades da criança", afirma Ana Vilela.
Um estudo realizado pela antropóloga Eunice Nakamura, pelo Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), revelou que não é apenas a complexidade da mente em desenvolvimento que pode ampliar a noção dos sintomas que causam a depressão. O estudo, que entrevistou famílias de regiões periféricas da cidade de São Paulo, constatou que diversos aspectos apontados como possíveis sintomas pelos pais e pelas próprias crianças diagnosticadas ultrapassam os critérios determinados pelo Manual de Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais.
"Do ponto de vista das famílias, o significado de depressão envolve tanto os aspectos da vida social quanto os sintomas indicados pelo discurso médico. A intolerância dos adultos em relação às crianças, que diante de condições de vida deliciadas ficam mais sensíveis e chorosas, e a ideia de insatisfação em geral, por exemplo, apareceram como indicação de sintomas de depressão", conta professora Eunice Nakamura, atualmente no núcleo de pesquisa antropológica da Unifesp Santos.
"Já que a ideia de depressão infantil, para estas famílias, envolve uma série de fatores externos, o grande desafio dos especialistas é pensar em tratamentos adequados ao que se avalia diante de cada ponto de vista da doença, uma vez que aspectos externos podem ser confundidos com sintomas", completa.
Transformação dos sintomas
Alteração de humor, irritabilidade, dificuldade para dormir ou muito sono durante o dia, além de pessimismo e autodepreciação, são comuns ao quadro de depressão encontrado tanto no adulto quanto no jovem. Mas em um momento em que a personalidade da criança está em pleno desenvolvimento, diagnosticar um transtorno mental é ainda mais difícil.
Segundo Fábio Barbirato, crianças em idade pré-escolar (até 5 anos) tendem a desenvolver sintomas como melancolia, enurese (xixi na cama), encoprese (eliminação de fezes involuntária) e crises de choro. Também podem ocorrer regressão no desenvolvimento psicomotor, insônia e pesadelos.
Em crianças na idade escolar (de 6 a 12 anos), os sintomas estão mais relacionados a aspectos de sociabilidade, como dificuldade acadêmica, problemas de relacionamento com a família e os colegas, irritabilidade e agressão crescentes, tédio, ganho ou perda de peso excessivo, cefaleia e dores de estômago.
Já entre os adolescentes, o transtorno passa não apenas a intensificar os sintomas encontrados na infância, como desencadeia uma série de comportamentos até mesmo fatais. "Esta fase do transtorno provoca nos jovens comportamentos anedóticos (incapacidade de sentir prazer), com quadros de tristeza intensa, condutas antissociais, ataques de pânico, queda no rendimento escolar, hipersonia (sonolência em excesso), e em casos mais extremos, promiscuidade sexual, abuso de drogas e até mesmo suicídio", afirma o médico.
Sintomas
O Manual de Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais determina a necessidade de identificar pelo menos cinco destes sintomas, com durabilidade de duas semanas, para comprovação do quadro. Fique atenta a esses sinais para saber quando levar seu filho para uma avaliação profissional.
1. Alteração de humor, com irritabilidade e ou choro fácil
2. Ansiedade
3. Desinteresse em atividades sociais, como ir a escola, brincar com os amigos ou com brinquedos
4. Falta de atenção e queda no rendimento escolar
5. Distúrbios de sono, como dificuldade pra dormir ou ter sono o dia inteiro
6. Perda de energia física e mental
7. Reclamações por cansaço ou ficar sem energia
8. Sofrimento moral ou insatisfação consigo mesmo, sentimento de que nada do que faz está certo
9. Dores na barriga, na cabeça ou nas pernas
10. Sentimento de rejeição
11. Condutas antissociais e destrutivas
12. Distúrbios de peso, emagrecer ou engordar demais
13. Enurese e encoprese (xixi na cama e eliminação involuntária das fezes)
Fonte:R7.com
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Adolescentes com transtornos mentais estão mais expostos a doenças sexualmente transmissíveis
Getty Images |
Pesquisa mostra que esses pacientes são mais impulsivos e menos cuidadosos
Os adolescentes que sofrem com transtornos mentais estão mais sujeitos a se infectar com HIV ou alguma outra DST (doença sexualmente transmissível) do que os demais jovens. Essa é a conclusão de um estudo realizado pelo Centro de Pesquisas Infantil Bradley Hasbro, dos Estados Unidos.
Após entrevistar 840 adolescentes, os pesquisadores perceberam que os jovens com distúrbios psiquiátricos apresentam mais comportamentos sexuais de risco, como o sexo sem proteção.
Os resultados foram ainda mais graves dependendo do tipo de transtorno enfrentado pelo adolescente. Segundo os pesquisadores, aqueles que sofrem com a fase maníaca do transtorno bipolar – que é marcada por oscilações de humor, entre a euforia e a irritação – são sexualmente mais ativos, têm mais parceiros sexuais e estão mais expostos a se infectar com DSTs.
Já os pacientes com distúrbios aparentes, como TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), transtornos de conduta e comportamentos de raiva são ainda mais ativos sexualmente e, por isso, correm mais risco de se infectar com HIV e outras DSTs. O mesmo ocorre com os jovens que sofrem com distúrbios menos aparentes, como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático.
De acordo com Larry Brown, autor do estudo e professor de psiquiatria da Universidade de Brown, o que gera esse comportamento sexual de risco é o fato de esses pacientes serem mais impulsivos e descuidados. A consequência disso, segundo o pesquisador, é que esses jovens possuem mais parceiros sexuais e, geralmente, não usam camisinha.
O estudo mostrou ainda que os adolescentes com históricos de problemas psiquiátricos enfrentam mais situações de gravidez não planejada.
- Como eles são mais vulneráveis às DSTs, seu comportamento sexual deve ser cuidadosamente acompanhado, e isso deve fazer parte do tratamento.
O estudo
Os pesquisadores avaliaram 840 adolescentes com idade média de 15 anos – além de seus pais – das cidades de Providence, Atlanta e Chicago, nos EUA. Mais da metade dos adolescentes eram meninas afro-americanas.
Dentre todos os entrevistados, 153 apresentavam um distúrbio mental conhecido como mania, outros 48 tinham transtornos não aparentes, 282 sofriam com transtornos aparentes, 252 apresentavam mais de um diagnóstico e 105 jovens estavam em tratamento, mas a doença ainda não tinha sido identificada.
Mais da metade dos entrevistados relatou histórico de relações vaginais ou anais. Entre os que eram sexualmente ativos, 29% não usaram camisinha na última relação, 31% tiveram em média dois parceiros nos últimos 90 dias, já 15% relataram quatro ou mais parceiros sexuais, e 14% deles estavam infectados com alguma DST.
Fonte: R7.COM
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